António Francisco da Conceição, também conhecido como “O Palheta”, foi um instrumentista de guitarra portuguesa que ganhou destaque no Rio de Janeiro no final dos anos 1920 e início dos anos 1930. Sabemos pouco sobre as suas datas de nascimento e morte embora seja certo que nasceu em Portugal e emigrou para o Brasil na década de 1910. Junto com o brasileiro Henrique Xavier Pinheiro e o seu irmão Herminio Francisco da Conceição, teve papel destacado como guitarrista, apresentando-se em contextos radiofónicos e em clubes de fado do Rio de Janeiro.
Em 1928 os jornais cariocas anunciaram António Francisco como vencedor do concurso de guitarra A noite do fado, e após esse sucesso, o guitarrista tornou-se presença constante em espetáculos, programas de rádio e discos dedicados à música portuguesa. Em abril desse ano, ele foi a atração de um concerto beneficente no salão do Teatro Resistência dos Cocheiros, promovido pelo jornal O Imparcial. Também se apresentava com certa regularidade nos teatros Recreio e República da capital carioca e no mesmo período, fez parte da programação da Rádio Club do Brasil e da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, acompanhado pelo violonista/guitarrista Henrique Xavier Pinheiro.
No ano seguinte, 1929, António Francisco participou na peça de costumes portugueses As pupilas do Sr. Reitor, no Teatro República, e também esteve presente na festa de jubileu artístico do cenógrafo português Jayme Silva. Nesse período, o jornal O Paiz descreve-o como “o mais completo e revolucionário guitarrista que todos os portugueses conhecem”.
Junto com o brasileiro Henrique Xavier, António Francisco foi contratado pela Casa Edison como intérprete para os selos Odeon e Parlophon. As cinco produções realizadas para a Parlophon são números instrumentais da sua autoria, como Beba e Terra de Portugal (Parlophon, 1930). Em 1931 a revista O Cruzeiro celebrou um dos discos da sua autoria, afirmando que “o tango Regina e o Fado Tondella, produzido em nítida gravação” eram notáveis (Parlophon, 13.279).
António Francisco, junto com seu irmão, sua esposa e filhos, residia na rua São Carlos, situada no Morro São Carlos, bairro do Estácio, na zona central do Rio de Janeiro, considerado um dos berços do samba. Relatos esparsos nos jornais do Rio de Janeiro permitem supor que o instrumentista provavelmente faleceu no Rio de Janeiro por volta de 1935. A sua discografia – integralmente gravada no Brasil – é composta por 14 títulos, dos quais se destaca a valsa Elza (Parlophon 13092), regravada na década de 1950 por Jacob do Bandolim e atualmente incorporada no repertório das rodas de choro em diferentes lugares do Brasil.